quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pai dos Burros

Livro - O Pai do burros: Frases feitas que a gente escuta (e fala) todos os dias, mas podia evitar


Não digo que "O Pai dos Burros" (Arquipélago Editorial) é daqueles "livros que não se consegue largar" porque isso pode soar como ofensa, ou no mínimo uma afronta ao autor, o jornalista Humberto Werneck. É que esse mineiro, que também assina "O santo sujo - A vida de Jayme Ovale" (CosacNaify), eleito pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como a melhor biografia de 2008, se ocupa há quase 40 anos em anotar, guardar e quebrar ao meio frases feitas como a acima citada. Dessa pesquisa saiu o dicionário, com mais de 4.500 expressões espalhadas pelos 2.000 verbetes da obra, apresentados em ordem alfabética a partir da palavra-chave. Pérolas que a gente escuta (e fala) todo dia como "façanha sem precedentes" ou "múltipla faceta" nos faz sentir meio burrinho mesmo. Mas, graças a Deus, protegido pelo pai.

A obsessão do autor em juntar essas fórmulas prontas (anotava em guardanapo, maço de cigarro ou no que estivesse ao alcance) é a prova de uma "preocupação sadia" (essa pode entrar na próxima edição do livro!) com a linguagem. Humberto é reconhecidamente um dos melhores textos do jornalismo brasileiro. E é famoso, justamente, por retorcer a frase-feita, dando-lhe um sentido original. Porque dizer que a vida está de "vento em popa" não tem o menor charme, mas o contrário, de que está de "vento em proa" é mesmo bem interessante.

Para chegar até "O Pai dos Burros", Humberto vem num longo caminho de fórmulas prontas. Leu "Dicionário das idéias feitas", de Gustave Flaubert (1952), e "Lugares-comuns", de Fernando Sabino (1974). Passou um bom tempo da vida, e talvez ainda passe, obcecado em catalogar frases e mais frases. "Inclui coisas novas até o último minuto possível no processo de edição e já tenho novas anotadas", diz o autor.

Seu olhar está tão treinado que Humberto identifica fácil o nascimento de um lugar-comum. Afinal, "as expressões só se gastaram por terem sido, um dia, luminosos lugares-incomuns, a partir daí repetidos até a exaustão semântica". Ele diz, por exemplo, que até vai sua memória os "porões da ditadura" e os "anos de chumbo" que a gente lê tanto por ai são criações do jornalista Augusto Nunes, lá pelos anos 1970, na revista Veja. "O problema é que a imitação é sempre tão menos talentosa", diz Humberto, que lança na entrevista a seguir o convite à reciclagem das palavras.

Segundo a pensadora alemã Hannah Arendt:

“Clichês, frases feitas, adesão a códigos de expressão e conduta convencionais e padronizados têm a função socialmente reconhecida de proteger-nos da realidade, ou seja, da exigência de atenção do pensamento feito por todos os fatos e acontecimentos em virtude de sua mera exigência. Se respondêssemos todo o tempo a essa exigência, logo estaríamos exaustos.”

Mais do que se transformar em um guia proibitório de palavras, “O Pai dos Burros” pretende recomendar uma despretensiosa desconfiança durante o ato de criar e escrever. As fórmulas prontas são o conforto medíocre de quem prefere não se arriscar com o desconhecido. Como Werneck diz, nada que saia tão facilmente pelos dedos, de forma automática, costuma ser verdadeiramente bom.

Portanto, “não fique profundamente abalado” se descobrir que vários dos seus termos preferidos, que “estão na ponta da língua”, integram o dicionário. “Sem sombra de dúvida”,o que você precisa fazer é “arregaçar as mangas” e “dedicar-se de corpo e alma” para reciclar o vocabulário com sua “imaginação fértil e “fugir do óbvio”.

Não “adianta chover no molhado”, encare a “árdua tarefa” e “aproveite o ensejo” em busca dos segredos de uma “receita de sucesso”. O livro“não é um divisor de águas”, mas certamente compila uma “vasta documentação” que exercerá “sérias consequências” no seu modo de escrever. Caso contrário, “fica o dito pelo não dito”.



Bate papo com autor:

Por que colecionar lugares-comuns? 

Humberto Werneck : Sempre fui obcecado pela eficiência da linguagem, e radicalizei quando fui trabalhar no "Jornal da Tarde", de 1970 a 1973. Havia lá uma preocupação extrema com o texto. A gente fazia o que se chama hoje jornalismo literário. Era preciso evitar expressões que, de tão batidas, perderam o sentido. O papel do jornalista é mostrar o novo, e não tem cabimento tentar dizer o novo com linguagem velha. Para passar a informação, é preciso seduzir o leitor, e linguagem velha não seduz. Eu não tenho religião, mas tenho uma padroeira: Sherazade, a moça que salvou o pescoço porque soube seduzir o sultão com suas palavras durante 1001 noites. Nem tanto pelas histórias que contava, mas pelo modo de contar. Quando o leitor me abandona no meio do texto, ele está me decapitando.

No prefácio você explica que uma frase só entra pro hall dos lugares-comuns porque um dia já foram incomuns. 

Humberto Werneck : Sim, são coisas que foram novas e deixaram de ser. Como tenho um olho bom para defeitos (não necessariamente os meus, esses muitas vezes me escapam), comecei a tomar nota de lugares-comuns, sem saber bem para quê.

Qual foi a sua principal fonte? 

Humberto Werneck : A imprensa. Mas no meu livro tem muitas expressões que ouvi por aí, às vezes em circunstâncias bizarras - até mesmo em velório, acredita? Na época, tinha umas "febres", acordava no meio da noite para anotar lugares-comuns. Às vezes o sentido do que estava lendo chegava a me escapar, tamanha a preocupação em caçar fórmulas prontas.
"O mundo todo não vale o meu lar"
"Jurar de pés juntos"

"Num futuro próximo"


E como pessoalmente você se relaciona com os lugares-comuns? 

Humberto Werneck : Falando, certamente digo lugares-comuns, mas ao escrever procuro evitar. O uso do lugar-comum denota preguiça, falta de imaginação e insegurança. É escolher a facilidade do caminho já trilhado. É usar o velho tal qual, sem a inventividade e a graça que os brechós verbais nos oferecem.


Então há um modo de usar bem o lugar-comum? 

Humberto Werneck : O livro não tem caráter policial. Não é um "não pode", é um "se liga". Defendo o uso criativo do lugar-comum. A proposta é de reciclagem. Desarticular o comum e, como num Lego, fazer outra figurinha com ele. Criar lugares-incomuns.


Algumas pérolas
"O futebol é uma caixinha de surpresas"
"Ter um grande futuro pela frente"
"Aproveitar o ensejo"
"Com a voz embargada pela emoção"
"A vida é feita de pequenas coisas"
"Por N motivos"

"O Pai dos Burros - Dicionário de Lugares-Comuns e Frases Feitas
Autor: Humberto Werneck
Arquipélago Editorial

205 páginas
Preço sugerido: R$ 29,90

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Curso de Logística - Universidade Metodista

A muito tempo, não escrevo neste blog... por falta de tempo e de criatividade, rs. Mas estou de volta para escrever sobre uma grande surpresa na minha vida, o curso de Logística.



Desde o começo do ano, estou fazendo um curso de Logística à distância, ou seja, EAD. A universidade escolhida foi a Metodista de São Paulo, que tem uma unidade em Santos na Avenida Ana Costa. A mesma, tem tradição neste tipo de curso.

A minha escolha pelo curso foi de identificação com área, possibilidade de especialização em Marketing e até mesmo, novas oportunidades de trabalho.

No começo minha adaptação ao curso foi difícil, porém com muita determinação e vontade de aprender consegui me adequar e fazer novas amizades. No primeiro dia fiquei isolada, mas com o passar dos dias ingressei num grupo de 4 estudantes. Como entrei no começo de março, os grupo já estavam formados, então um pessoal bacaninha: dona Janeth, sua filha Camila, o taxista Elias e Eder, que não tive o prazer de conhecer me acolheram em seu grupo. Mas havia outro novato a procura de um grupo, eis que surge o sempre sumido Alessandro. Um grupo interessante, né!

Conseguimos nos enturmar e começar a realizar as atividades, porém o Éder não mais voltou ao curso. Que pena! Nossa primeira baixa.

O grande barato de cursos deste tipo é a possibilidade de você se programar para realizar tais atividades, criando responsabilidades e autonomia. Estou adorando! O curso é dividido por módulos, na Metodista por 4. Eu vou uma vez na semana para Universidade realizar avaliações e provas, e on-line planejamentos, participações em fóruns e questionários, além de realizar um projeto por fim de semestre. No semestre passado, gostei da parte de logística reversa e dos cálculos de frete. Neste semestre Empreendedorismo, e li um livro muito bom sobre o assunto, indicado pela universidade chamado: "O Segredo de Luisa" do autor Fernando Dolabela.

No primeiro semestre tivemos a colaboração da Janeth, que na metade do ano se formou e com louvores! É um exemplo de pessoa e profissional. Foi um prazer conhecê-la, viu. E nesse semestre sua filha Camila, está se formando. Uma dedicada aluna e que tem um futuro profissional brilhante. Todo o sucesso do mundo a você, menina.

A partir do ano que vem só serão: eu, Elias e Alessandro. Teremos que recrutar novas forças para nosso grupo. Que venha 2011, e novos desafios. Desde já estamos prontos e ansiosos para o início do novo semestre. Me empolguei, rs.

Não aconselho os profissionais que não tenham uma faculdade presencial, a esse curso pois na minha opinião devemos realizar um curso tradicional antes, para depois realizar um curso como esse, já tendo uma base. Porém, tenho convicção que todos podemos aprender independente de quais caminhos seguimos, basta querer e se empenhar. Tenho dito!

Voltem sempre!